quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Caso Mari Ferrer: MP diz que vídeo foi editado e pede quebra de sigilo

O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) pediu à Justiça, nesta quarta-feira, 4, que retire o sigilo do vídeo da audiência do caso Mari Ferrer. Segundo o órgão, o trecho divulgado pelo Intercept Brasil foi manipulado. A jovem afirma que foi vítima de violência sexual, durante uma festa em 2018, e acusa André Aranha por estupro. Ele acabou absolvido pela Justiça catarinense.

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O MP afirmou, em nota, que o vídeo “não condiz com a realidade” e “foi editado” ao não mostrar as intervenções feitas pelo promotor e pelo juiz, em favor de Mari Ferrer, no intuito de conter o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho que atacou a jovem diversas vezes.

O MP pede a abertura do sigilo para que os órgãos de controle possam avaliar adequadamente a postura adotada pelo promotor e pelo juiz durante a audiência.

Durante a audiência, o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho mostrou fotos de um trabalho de Mari Ferrer como modelo e disse que as imagens seriam “ginecológicas”. Além disso, durante a sessão ele afirmou que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mari Ferrer.

A vítima chorava e ouviu do advogado: “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”. Mari Ferrer ainda afirmou que nem mesmo os acusados eram tratados daquela maneira, ao reclamar da conduta de Cláudio Gastão da Rosa Filho.

“Teu showzinho você vai no seu Instagram dar depois”, disse o advogado de Aranha. “É seu ganha pão a desgraça dos outros, fala a verdade”.

O MP contou que a audiência durou cerca de três horas, sendo dividida em dois dias e ainda garante que “no primeiro momento em que o advogado de defesa adotou atitude desrespeitosa em relação à Mariana, o promotor de Justiça interveio para que ela não fosse exposta a situação de constrangimento”.

O Ministério Público reafirmou o repúdio à conduta do advogado e lamentou que argumentos como “aspectos pessoais da vida de vítimas de crimes sexuais” ainda sejam usados. Para o MP posturas como essa são “amplamente combatida pelo Ministério Público de Santa Catarina, inclusive por meio de programas institucionais de apoio especializado às vítimas de violência”.

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